Antes de conhecer a história de Jack Kerouac, eu conheci
Chris Mclanders. E foi ele que me ‘levou’ até Jack, por conta dessa história de
pegar a estrada e sair por aí. Antes de comprar ON THE ROAD – o manuscrito
original; eu pesquisei muito e li sinopses de outras obras dele e estava
encantada.
É difícil não comparar Jack com Supertramp – pelo menos até
não conhecer bem os dois – e confesso que a NATUREZA SELVAGEM de Chris, foi
muito mais intensa do que a estrada de Kerouac.
Kerouac amava a América, as pessoas, estar vivo e viver cada
acontecimento, o que para mim ele era apenas um jovem entediado, que decidiu
fazer um pouco de desordem e que encontrou outros malucos, que o apoiaram ou
que faziam coisas piores que ele, o que conseqüentemente causava certa
identificação.
Eu achei estúpido quando Bob Dylan disse que este livro
mudou a vida dele, particularmente eu não vi/li nada de mais.
Pode até ser pelo tipo de escrita, ON THE ROAD é escrito em
tom confessional, tipo diário, já NA NATUREZA SELVAGEM, foi escrito após a
morte de Chris, por John Krakauer, o que
abre espaço para uma “romantização” da história.
O que Jack me passou é que mesmo ele vivendo com pessoas que
se diziam “intelectuais”, eles não passavam de verdadeiros vagabundos vivendo
numa sociedade niilista. O que pelo menos no ponto “vagabundos”, ele mesmo
algumas vezes se autodenomina assim.
Eu achei uma narrativa cansativa e me arrependi de tê-lo
comprado, eu poderia ter gasto esse dinheiro com um livro bem mais prazeroso...
apesar de esse livro ser considerado um clássico americano.
Por isso não nego a importância da obra, nela Jack exalta a
América, narra suas aventuras, e anota tudo, quem sabe isso não me seduziria a
uns 3 anos atrás, mas hoje em dia não mudou muita coisa na minha vida e não me
acrescentou nada que eu já não soubesse, além de ter caráter machista, por que
sim, eu sou uma grande fã de romance. U_u
Além do mais ao final de sua vida Kerouac, terminou um velho
bêbado que ia a missa aos domingos, como eu li em uma revista:
“Desapontado com os beatniks, desgostoso com os excessos,
Kerouak encontra refugio no catolicismo e no conservadorismo.”
Mas veja só, como a vida dá voltas, na velhice o vazio
existencial o toma de tal forma que até conservador ele vida. ¬¬’
Depois de passar a vida fugindo de leis e regras, no limite
humano, com álcool, drogas, mulheres, etc... ele, no fim se rende a america way
of life: propriedade privada, religião e capitalismo.
Por isso prefiro Chris McLanders, aprecio muito mais sua
busca trágica do que a busca frustrada de Kerouac.
Na medida em que a leitura se desenrola, podemos perceber um
certo amadurecimento dos personagens.
É como se toda a excitação vazia fosse apenas novidade,
depois se ‘jogar’ na estrada se torna uma necessidade, como em uma parte que
Jack diz: “Queimei todas as pontes”, nesse momento ele desiste de todo o seu
passado, não se importando mais com nada a não ser com a extensa linha branca
no meio da estrada e os loucos acontecimentos durante o percurso.
A amizade de Neal e Jack se fortalece, exatamente por que
agora eles passam mais tempo juntos e ela se torna foco. A sanidade de Neal é
mais do que questionável, só Jack o compreende.
Ao final de sua maior aventura que foi pelo México, algo aconteceu...
Neal voltou sei lá para qual sua esposa – sendo que ele tinha já não sei
quantos filhos, com várias mulheres - e
Jack depois voltou sozinho para casa, de ônibus e termina o livro dizendo que
depois disso nunca mais viu Neal Cassadi.
------------------------------------------------------------------------------- Ana Karoline Martins.
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