sexta-feira, 30 de março de 2012

Voltando para a Caverna



Ah! O silêncio, finalmente...
A calma, a leveza da vida e da mente.
Sem sons, falas ou ruídos,
Sem pressa, pessoas, TVs e nem gritos.


Do nada chega o povo,
Que me impede de ler.
Ligam a TV para tentar esquecer.
E quando eu saio me perguntam o porque.


Ora! Se você ligou a TV,
Vou para outro lugar tentar me esconder,
Porque na sala não dá mais pra ser.


Fica, vem, senta...
Liga a TV e fica atenta.
Largo ou não largo o livro de lado?
Sento, assisto como o meu amado.


Sentamos no chão
E voltamos a viver na
Caverna de Platão, um mito que
Uma vez lido, não dá mais para ser
Esquecido.

Ana Karoline.

domingo, 18 de março de 2012

Joguete entrevista: Leo Carona


Quem nunca sonhou em sair pela estrada de carona? Conhecer novos lugares, novas pessoas, novas culturas... Hoje, o Joguete entrevista Leo Carona, mineiro e mochileiro popular na rede que um dia decidiu sair em busca do acaso.
E vocês, olho vivo e faro fino!
Nome: Leo Carona
Idade: 24 anos
Profissão: Engenheiro de Software
Vive em: BH/MG
Blog: http://leocarona.com.br/

A entrevista foi cedida pelo facebook, mais precisamente pelo celular, tarde da noite, com certa dificuldade, mas acabou dando certo graças à boa vontade do Leo. Em meio às minhas informações mal arranjadas, interpretações ambíguas das respostas e outras coisas chatas que o Leo foi super gente boa em suportar, deixo aqui meus sinceros agradecimentos.

O que te motivou a virar um mochileiro? Conta essa história pra gente.

Comecei quando morava em Viçosa (cidade universitária de MG). Onde eu resolvia ir visitar meus pais eu não me conformava em pagar ônibus para isso. Já sabia que uma pessoas pediam carona na saída da cidade, e quando eu ia fazer o mesmo, eu tinha certa vergonha ou medo de mofar sem ninguém parar pra me levar. Eu tive que enfrentar isso em mim. Foi difícil, mas consegui enfrentar isso e comecei a viajar mais frequentemente nesse trajeto. Até conhecer a Mah, uma garota do sul do Brasil que me ajudava a baixar um seriado na net, e ela resolveu a sair sozinha com seus olhos claros, pedindo carona pelas estradas do Brasil até minha republica em Viçosa. A levei pra Ouro Preto e carnaval na minha cidade Raul Soares. Por causa dela cheguei ao insight “se eu viajo sempre de carona por esses lados, eu também posso conhecer outros estados além das fronteiras mineiras.” Eu só havia ido à praia mineira até então, Espírito Santo. Eu não me conformava em pagar ônibus pq sabia q sempre tinha gente indo pra minha cidade em carros vazios, q não se importariam em me dar carona.

Nada mais emocionante do que a primeira vez. Você poderia compartilhar conosco a sua primeira viagem e a reação da sua família ao se dar conta de que criavam um peregrino moderno?

Hahaha, realmente o termo 'peregrino moderno' cai bem, já que os clássicos geralmente eram os hippies andarilhos, e eu sou tecnológico d+, e uso muitos recursos cibernéticos nas minhas viagens (como mapas online, redes sociais e comunidades de viajantes q se encontram por internet). Não sei quando foi a primeira viagem, mas foi por volta dos 18 anos. Pra fora do estado eu devo ter ido aos 19 anos, com a Mah, que tinha 18 na época. Quando cruzamos a fronteira a primeira vez, chegamos a Ribeirão Preto. De la, liguei pra minha família e falei pra minha mãe onde eu tava. Ela assustou e a ouvi alarmando ao fundo pro meu pai "ele está em São Paulo!", enquanto eu pensei "ela que não imagina que o plano é ir ao sul", e o lugar mais longe (ao sul) dessa viagem acabou sendo a ilha da magia (Floripa), já em Santa Catarina.

Uma loucurazinha na vida, todo mundo faz. Mas transformar isso em seu estilo de vida não é para qualquer um. Então, o que te convenceu a continuar na estrada?

Aprender, conhecer, ultrapassar minhas próprias fronteiras, me expor a situações inesperadas, e porque não, surpreender (a mim e) às pessoas: ser falado, como um idiota por saber dos riscos, ou como um admirado corajoso q faz algo que poucos se arriscariam, embora tivessem a mesma vontade. De bixa, satanista gótico, drogado ou qualquer coisa do tipo, eu virei o cara que foi parar lá em far far away pedindo carona. (ah, eu nunca fui um adepto as drogas dessa forma, só ironizei os boatos bobos).

Qual a pior coisa que te aconteceu na Infinita Higway, que te fez pensar: "O q eu tô fazendo aqui?" E qual a melhor?

Pensar "O q eu tô fazendo aqui?" eu já pensei um bocado de vezes, geralmente nos lugares onde eu fico sem o que fazer, entediado, ou em estradas onde ta difícil conseguir carona (comum em feriados ou finais de semana). A infinita highway, br 101, já me deu dor de cabeça na altura do sul da Bahia (onde estive duas vezes), no norte de SP (indo pro RJ) e na chegada de Porto Alegre (RS). Ora pq na região é difícil conseguir carona, ora pq chovia sem parar (e conseguir carona de baixo de chuva é foda). Já tive medo, em carona até com cara que assumiu ser traficante, e o q pensei, bolando uma estratégia ao mesmo tempo q não exprimia o q pensava, foi "se rolar algo, abro a porta, jogo a mochila e 'tento' cair sobre ela". Mas nunca rolou nenhum problema. De bom... Uma das experiências mais interessantes foi na Argentina. Além de ter a coragem de pôr um caroneiro desconhecido (eu) no carro 0 km q tinha acabado de comprar em Buenos Aires, o cara ao saber q eu não dava noticias a meus pais há duas semanas, desbloqueou seu celular pra chamadas internacionais e me fez ligar pra eles (q ficaram mt agradecidos, como sempre). Além disso, me pagou um lanche com refrigerante e ainda ligou pro cara que ia me hospedar, entrou na cidade e me deixou exatamente onde ele tava.

Nossa! Vocês se comunicavam em Espanhol?

Então, essa foi a primeira vez fora do país. Eu tive q me virar com um péssimo portuñol, foi meio foda, mas enfrentei (e hj já posso me comunicar bem melhor, sem mesclar com português).

Qual seu maior objetivo em levar uma vida libertina? Como você consegue se manter financeiramente dessa forma?

Não é uma vida, são só um ou dois meses de férias geralmente. Desde o começo (18 anos, 6 anos atrás) sempre estive no sistema (embora não pareça) de aulas na faculdade, e agora (pra diminuir as oportunidades) eu trabalho. Eu sempre ia, me jogava por aí (as vezes sem grana alguma), me sentia e vivia libertino, mas tinha consciência q tinha q voltar (por vontade própria) pra volta as aulas. Sempre gostei de aprender, mas sabia q faculdade era o único lugar onde eu aprenderia mais sobre algo especifico, e não tinha q me esforçar tanto pra obter informações. Eu to empregado, vai dificultar um pouco as viagens mais longas 'a dedo'. Ao chegar dessa ultima viagem (norte brasileiro, Peru e Bolívia) a empresa onde eu estagiava me contratou. Não deixei as viagens de lado, mas ficarão mais difíceis agora. Pro próximo fim de semana mesmo eu ando pensando em dar um pulo na Cidade Maravilhosa, pedindo carona (novamente) pela BR 040. E a questão do financeiro, eu viajei muito por aí a fora sem grana. Meus pais não ajudavam pra essas coisas, e eu tinha meus objetivos de aprender a me virar, de dar a oportunidade das pessoas ajudarem a um desconhecido em sua exposição ao acaso. Sendo ao acaso, tudo que veio pra mim foi lucro.

Você poderia fazer uma listinha dos lugares por onde passou dentro e fora do Brasil?

Vish, posso resumir. Pq to no celular aqui. Já passei (só de carona) por todos os estados do litoral leste brasileiro (do RN ao RS), mais países UY, ARG, CHI. Janeiro agora, cheguei de Rondônia ao Peru de carona, mas dentro do país desisti d caronar. Aí fui pra Bolivia também, cruzando o país em ônibus, servindo também de interprete a dois brasileiros que conheci na chegada ao Peru.

O resto do Brasil já está excluído da sua lista?

Não mesmo, o Brasil não ta excluído, tanto q na ultima viagem eu elegi passar por dois estados nortistas (RO e o lindo AC). É fato q o exterior me interessa bastante, pq eu amo aprender línguas e ainda não sou totalmente fluente em nenhuma além de português. Mas tenho na lembrança muito Brasil, sobretudo lindas praias nordestinas, o Rio, Floripa e bons amigos espalhados por aí.

Você se mantém legalmente nos outros países? Como se dá esse processo migratório?

Pela América do Sul (onde estive até agora) o processo é muito tranquilo: chega à fronteira do país que deseja visitar, busca a aduana (um escritório normal) com seu RG e algum papel adicional (dizem q países como Peru e Uruguay exigem vacina de febre amarela, mas não me pediram), e pronto - te dão um papelzinho de entrada no país que só te resta cuidar pra que ele não molhe, rasgue, ou seja, roubado durante seus dias no país.

Você programa antes todo o seu roteiro de vigem, (o q você vai conhecer, onde vai ficar) ou é tudo "na doida"?

Eu costumava não programar nada, só ia baseado em alguma ideia, como "vou pro sul", e nas cidades que chegava, entrava na net e buscava outras opções de hospedagens (couchsurfing ou conhecidos virtuais) em outras cidades. A partir das respostas positivas de hospedagem, meu percurso se traçava.
Na ultima viagem tentei programar um pouco, com ajuda duma amiga caroneira da Eslováquia q viajou por aqui. Acabei chegando ao Peru e desanimei de seguir viagem sozinho quando cheguei a Cusco.

Algum lugar cujo você se arrependeu de ir? Algum q você gamou tanto que teve vontade de morar lá?

Quando cheguei ao Peru eu me arrependi de ter ido pra la. Acho que o que me passou é que eu me mudei um pouco nos últimos meses e não havia me dado conta disso. Nas outras viagens eu tinha mais tempo de férias (2 meses de férias da faculdade) e eu vivia um pouco mais sozinho (morava sozinho e mal saía de casa). Nos últimos meses eu havia começado a trabalhar (a minha volta agora tem data e obrigação) e fui morar em uma republica com uns amigos de Viçosa, então havia tbm me acostumado a passar mais tempo com colegas e amigos, a não estar tão sozinho.
Eu tava em Cusco (Peru) e dois brasileiros que conheci me ofereceram pagar minha passagem de ônibus pra ir com eles ao Lago Titicaca como seus interprete pra conversarem com os habitantes das ilhas flutuantes). Meu sentimento era o de ficar no gostoso frio de Cusco os últimos 10dias de ferias e voltar pelo mesmo caminho de vinda, de tão desanimado que fiquei com a viagem. Mas aceitei o convite deles, e vi neles possíveis companheiros de viagem, pra me animar um pouco mais. Sugeri voltarmos ao Acre cruzando a Bolívia, mas como eles tinham muitas malas, o meio de transporte teria que ser ônibus. Aceitaram e assim o fizemos: cruzamos as precárias e bizarras estradas bolivianas em ônibus (passagens exageradamente baratas) e nos hospedamos em hostels (não havia CouchSurfer na maioria das cidades), coisa que eu devia ter feito não mais que três vezes na minha vida, mesmo já tendo viajado tanto.
O litoral brasileiro é lindíssimo, sempre quero voltar. Não costumo me fixar muito com nenhuma cidade pq sempre quero conhecer outras. Mas, o Rio de Janeiro é a única cidade brasileira que quero morar, se eu não me mudar pra fora do país direto. Acho o Rio lindo, cheio de opções de lazer que me interessam e aumentam minha motivação pra ter tbm uma vida rotineira de trabalho, sem contar que agora há um garoto por la, e muitos gringos pra facilitar minhas práticas e aprendizado de outros idiomas (tem muitos que ainda quero aprender).

Muitas pessoas têm uma visão romântica a respeito dessa vida andarilha, idealizando e deturpando a realidade da rotina de um mochileiro. Você poderia desmistificar essas fantasias ou alimentá-las ainda mais (risos)... Conte-nos como é pedir carona nas estradas brasileiras.

Bom... A falta de dinheiro é a principal desculpa das pessoas para não viajarem. Até que chega o dia que a desculpa muda: elas passam a não ter mais tempo, porque estão trabalhando muito. Aí elas ficam velhas, e dão conta que traçaram uma ótima carreira profissional ao longo de suas vidas, ou que pelo menos conseguiram se manter vivas pagando por algumas das coisas que quiseram. Acho que isso não deve ser o principal, fica faltando às pessoas e outras vivências. Se tem uma coisa que é legal fazer, e é legal que façam por você, é a prática da gentileza. E pode acreditar, tem muita gente desconhecida por aí disposta a ser gentil com você, assim como foram e são comigo. Mas preste atenção: nem tudo que você quiser será possível (o que te ensinará a não exigir coisas - sobretudo conforto - demais), e você aprenderá a dar mais valor ao que realmente é necessário. Muita gente vai te dar a oportunidade de conhecer e experimentar coisas que você não teria o direito (o dinheiro) de conhecer, e aquelas que forem mais inesperadas provavelmente serão as mais marcantes. E quando você perceber, você terá caído no ciclo: estará ajudando (ou dando o direito) das pessoas conhecerem coisas que dificilmente conheceriam sem você.

sábado, 3 de março de 2012

A doença de hoje é o presente.




Nem tudo é só tristeza, nem tudo é só beleza e mesmo que as nuvens negras venham se alastrando por sobre nós, a luz do mundo ainda clareia boa parte da Terra.

Nos últimos anos o planeta tem sofrido mudanças muito drásticas, foi em muito pouco tempo que muita coisa aconteceu e vem acontecendo, pela espreita, nos dominando/contaminando silenciosa e inconscientemente.

O psicólogo Yves de La Taille disse no programa Café Filosófico, na TV Cultura, que estamos vivendo mais do que nunca o presente. O que por um lado é bom, sempre nos disseram e tentaram enfiar na nossa cabeça que o presente é o que importa, isso não seria uma noticia ruim se o presente fosse realmente tão bom como sempre disseram.

Viver no presente exige de nós um nível extremo, do qual nós ainda não estamos preparados – digo nós, cidadãos comuns, ou pelo menos eu, me considero com um nível intelectual ainda muito baixo para entender e equilibrar certas coisas - viver no presente nos leva a loucura.

Para tomarmos conhecimento de mais coisas e mais rápido, as noticias se tornaram fragmentos, são rápidas, pequenas e logo esquecidas para que novas venham à tona.

Não posso mais me dedicar exclusivamente a nada, pois o que hoje é Cult, amanhã já é brega, todos os dias surge uma nova visão, tudo se tonou tão rápido, fácil, passageiro...presente.

A internet é a mãe da vida no presente, esse novo estilo de vida louco, do qual entramos sem nem perceber.

Tomarei como exemplo as redes sociais, mais especificamente o FACEBOOK, no mundo dele o ontem não importa mais, tamanha é a carga de publicações e atualizações diárias, o que vamos postar amanhã não interessa, o quente é  de hoje, é o que o pessoal está falando e fazendo naquela hora, isso vicia, as pessoas não conseguem mais viver sem saber o que está acontecendo AGORA, e passar um tempinho sem olhar as atualizações é como perder uma 
parte muito importante do dia, da vida.

Na Bíblia diz que só um tolo pensa em viver o dia de amanhã, porque já basta o mal que o dia de hoje já trás, a Pitty fala em uma música sua para não deixarmos nada para a semana que vem, pois semana que vem pode nem chegar, e também Renato Russo: mas é claro que o sol vai voltar amanhã, mais uma vez, eu sei...

Eu também sei que cada um vive a sua vida da maneira que quer, saudosista, futurista...não importa, só que viver inconscientemente as coisas é perigoso e quando a gente acorda nos sentimos tão enganados, usados...

Todo mundo está tão preso a essa teia de aranha que é a internet, somos a “geração da informação”, para todo canto que se olha tem um jovem com o celular nas mãos, a vida de momentos passageiros, não dá mais para se viver intensamente nada, é perda de tempo e ninguém mais que perder tempo...

Acordamos finalmente, a vida não é eterna, temos que aproveitar o hoje, nossa juventude, nossa saúde. Mas não podemos viver só de presente, apesar de o tempo ser relativo, mas o passado não pode ser esquecido, nem o futuro pode deixar de ser pensado, presente demais envenena, aliás tudo demais faz mal.

Essa ânsia súbita de viver já matou e continua matando muita gente, outras vivem doentes, presas a tela presente do computador, inertes, só engolido fragmentos, se atualizando rápido, enchendo a cabeça de retalhos e logo esquecendo para depois encher de mais nada.

Ana Karoline.