terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Observatório



- Nada a fazer...só observar o homem da frente.

   Ele mora sozinho, foi o que eu pude perceber, e amigos que vem de vez em quando e eles desatam a beber.

   Tem dias em que ele vai até a janela e fica a observar a imensidão do céu, com  seu cigarro na mão à fumaçar, um tanto reflexivo, um tanto solitário, mas sorri, quando está entre amigos.

   Depois da meia – noite, só a cerveja é sua companheira.

- No andar um pouco mais embaixo ao dele, aconteceu um aniversário surpresa, vi os preparativos e as luzes se apagando, quando a mulher da frente chegou, começaram a cantar em uníssono  parabéns pra você...

   Ela ficou feliz, abraçou os que estavam presente e ficaram comendo as guloseimas que só aniversário tem.

- Lá em baixo, o homem de trás chegou do trabalho, tocando Linkin Park em seu rádio, pegou suas coisas e foi para seu apartamento.

- Voltando o olhar para o homem da frente, ele está a fumar na janela, o que se passa em sua mente? Quais seus dramas? Seus desejos, sonhos, vontades? Qual seu nome?

- A mulher da frente, feliz, uma ano mais velha, amigos legais que fazem festa surpresa, mas, o que lhe faz chorar? Seus pais ainda estão vivos? O namorado é fiel? Ela é realmente tão feliz quanto aparenta ser?

- O homem de trás, chegou aparentemente cansado do trabalho, será que tem uma esposa que o espera com amor ou está pregada em frente a uma televisão assistindo novela? Será que ele tem filhos? Gosta de sua vida? Ou não tem esposa? Vive sozinho?

- E eu aqui, na minha janela, só a observara vida alheia, por que as vezes é tão necessário saber o que os outros estão fazendo? Será que é para nos certificarmos de que há vidas mais difíceis do que a nossa, ou nada mais que simples curiosidade?

   Ou pela necessidade de vermos que não estamos sozinhos nessa, que na vida há diversas formas de sofrimento, de dor, de alegria, de vida...mesmo sem nos conhecermos sinto que eles – esses personagens – fazem parte da minha vida.

   Sim, eles são meus vizinhos de condomínio, mas nunca passamos um pelo outro, nunca nos desejamos bom dia, nunca trocamos olhares.

   Eu vivo, eles também, cada qual com seus afazeres, cada um com seu charme, seus interesses, sua profissão...não sei se por eles minha presença é notada, não sei se eles sabem da minha existência, mas continuo aqui a observá-los e a nutrir esse meu interesse pelo homem misterioso da frente.

                                                              ...

- A garota da frente tornou-se a minha inspiração, ela mora sozinha, e fica horas a fio naquela janela desde quando chega não sei de onde, fica a observar alguma coisa, o que será que ela pensa? Qual será seu nome?

   Acabei de arrumar um assunto novo para o meu livro, vai ser sobre o modo como vivemos em um mesmo lugar e mesmo assim tão separadamente.

- Enquanto eu fumo meu cigarro, no andar de baixo ao dela, eu vejo um casal que...


Ana Karoline.

4 comentários:

  1. Poxa Karol você escreve muito bem, bem gostoso de ler o seu post!

    É realmente impressionante como nós somos desatentos às coisas que acontecem ao nosso redor! Se observássemos mais poderiamos perceber coisas super interessantes! :)

    Abraço

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  2. Karoline, tu ta escrevendo mesmo um livro?? Se não ta na hora de começar em!

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  3. Bah! guria, um conto maravilhoso, pra fazer comentários como os teus só pode fazer quem lê, escreve e vive.
    Eu sinto falta de uma "janela indiscreta", em volta de mim é mato e mato.

    beijo

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  4. Gostei, deu saudades de ouvir link park ^^

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